sexta-feira, 25 de novembro de 2016

JORNALISTA LAURO DA ESCÓSSIA: UM AMIGO DE INFÂNCIA




LÚCIA ROCHA
Durante a infância tive amizade com algumas pessoas de idade avançada. Quando falam em seu Lauro da Escóssia, digo que foi meu amigo de infância. Explico: ele era avô de Florina, Cláudia e Valéria - filhas de Margarida Escóssia - e minhas amigas de infância. Fomos vizinhos na rua Mário Negócio.  
A gente se divertia na rua mesmo. Na construção da Padaria 2001 brincávamos de esconde-esconde no canteiro de obras. Mas quando as brincadeiras eram na casa delas, que moravam com o avô jornalista, eu deixava de brincar e ia conversar com seu Lauro, meu primeiro professor de jornalismo. Deliciava-me ouvindo suas histórias de repórter de província.   
Em casa ele passava o tempo todo lendo. Por diversas vezes me contou da entrevista com Jararaca na cadeia pública de Mossoró, onde hoje é o museu que leva o seu nome.
No verão de 1988, passei as férias na redação de O Mossoroense colhendo material para um trabalho da UFRN. Nem acreditava que estava mexendo e tocando nas coisas de seu Lauro... Uma pessoa de caráter, que viveu para o jornalismo ético, comprometido com a verdade, com os fatos e não as versões. Que fazia jornalismo e não bajulismo. Hoje um fenômeno mundial.  
Para quem não sabe, Lauro da Escóssia fazia de tudo no jornal: fotógrafo, repórter, vendedor e criador de anúncios, administrador, chefe de reportagem, editor, diagramador e por aí vai. Sem esquecer que ele fazia tudo isso numa época em que não havia computador, notebook, gravador, Internet, MSN, celular, fax, carro de reportagem, link e tudo o que nossos veículos de comunicação oferecem como ferramenta para o repórter de hoje.
Sempre estou me lembrando de seu Lauro. E aprendendo com suas atitudes, iniciativas e ousadia. No ano passado um colega não estava conseguindo fazer uma matéria com doutor Milton Marques e pediu ajuda, pois o homem estava ocupado demais com as instalações da TCM.
Consegui um tempo na agenda dele e a tal entrevista ficou para as 15 horas. O homem ocupadíssimo transferiu outras ocupações. Ficou à tarde toda preso a esse compromisso e o repórter não apareceu. Pior, não comunicou nada.
Fiquei sabendo disso depois, por Stella Maris. Liguei para o colega e alegou que ficou esperando um carro do jornal e não apareceu nenhum. Bem, contei a ele a história de seu Lauro e repeti o que disse acima: seu Lauro não tinha isso, isso e aquilo e fazia um jornal inteiro sozinho. Como é que a gente tem hoje isso, isso e aquilo e deixamos de cumprir uma simples pauta?
Veja bem, o repórter ficou na 'esperança' de aparecer um carro e, 'esquecendo' que o homem da TCM é ocupado demais, poderia tê-lo dispensado pelo telefone, fax, Internet ou celular.
Se vivo hoje, seu Lauro teria ido de mototáxi.  
Lúcia Rocha, cientista social e jornalista, ex-aluna e amiga de infância do jornalismo de Lauro da Escóssia.
 FONTE -  JORNAL O MOSSOROENSE

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